SER E DEVIR PRÉ SOCRÁTICOS NAS SOCIOLOGIAS ESTÁTICA E DINÂMICA COMTEANAS
Palavras-chave:
ser, devir, estática, dinâmicaResumo
A busca da essência foi uma forte característica da parte hegemônica da disciplina filosofia até o advento do giro linguístico. Uma das soluções encontradas para essa busca foi através da mutabilidade/ imutabilidade: os pré socráticos Heráclito e Parmênides argumentavam que a essência do ser estava, respectivamente, na permanência ou na mudança. Aparentemente, uma solução excluiria a outra, em um paradoxo sobre o que seria a essência do ser. Todavia, parece que essa antinomia foi proveitosa no sistema científico comteano, na sua estruturação da sociologia entre estática e dinâmica. Nos seis volumes do livro “Curso de filosofia positiva” (1830-1842) a dinâmica estudaria a dimensão propriamente “histórica”, pois investigaria o “progresso” das sociedades. Já a estática lidaria com as “instituições”, aquilo que seria permanente, a “ordem”. Assim, a busca pelo ser é ressignificada na busca pela sociedade e a essência poderia ser encontrada sintetizando a imutabilidade (na estática) e a mutabilidade (a dinâmica) em um sistema baseado na investigação empírica, e não na especulação filosófica. Nesse sentido, uma discussão filosófica antiga ensejou certa organização de um sistema científico que ressignificou o esforço filosófico.
Referências
AMORIM, Wellington Lima. CONTINGÊNCIA E LIBERDADE DOS GREGOS A LÓGICA HEGELIANA. Revista Húmus, v.1, n.3, p.28-37, 2011.
CARNEIRO, Rosalvo Nobre; AZEVEDO, Andrei Gomes de. O método dialético no ensino de geografia: estratégia metodológica para um debate em sala de aula. In: SANTOS, Ivanaldo. Filosofia e ciências humanas: teorias e problemas. Porto Alegre: Editora Fi, 2017.
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. São Paulo : Abril Cultural, 1978.
FLACH, Pâmela Ziliotto Sant'Anna; DEL PINO, José Claudio. Afinal, para que servem a história e a filosofia da biologia?. Educação Por Escrito, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p. 236-252, jul.-dez. 2016
DURKHEIM, Émile. Sociologia e filosofia. São Paulo, Ed. Forense, 1970.
KIRK, Geoffrey S.; RAVEN, John Earle; SCHOFIELD, Malcolm. Os filósofos pré-socráticos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.
KUHN, Thomas. Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978.
LACERDA, Gustavo Biscaia de. Auguste Comte and" Positivism" rediscovered. Revista de Sociologia e Política, v. 17, n. 34, p. 319-343, 2009.
_____. Comteanas. Curitiba: Appris, 2018.
_____. ELEMENTOS ESTÁTICOS DA TEORIA POLÍTICA DE AUGUSTO COMTE: AS PÁTRIAS E O PODER TEMPORAL. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 23, p. 63-78, nov. 2004
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
MINIKOVSKY, Cléverson Israel. Heráclito versus Parmênides: História da Filosofia. São Paulo: Biblioteca, 2008.
VERISSIMO, Danilo Saretta; FURLAN, Reinaldo. Entre a filosofia e a ciência: Merleau-Ponty e a psicología. Paidéia, v. 17, n. 38, p. 331-342, 2007.